Fazendo a diferença também a distância
O coloproctologista e cirurgião Danilo Munhóz da Silva iniciou na medicina há 14 anos e, como ele mesmo define, teve uma trajetória feita por vários recomeços. Nada que fuja à regra neste momento de pandemia.
Durante a reclusão social, o profissional continuou se reinventando e incorporou a Telemedicina ao dia a dia de trabalho para dar continuidade aos atendimentos. A modalidade, que gerou certa resistência no início, se transformou em uma maneira dele fazer a diferença e ajudar pacientes nesse momento de tanta fragilidade.
A trajetória de Danilo pela saúde começou na cidade de Curitiba, mas a profissão o levou a explorar diferentes lugares: da cidade do coração, Maringá, onde teve a oportunidade de trabalhar como cirurgião geral, teve experiências pelo estado de São Paulo e seus laços profissionais o conduziram ao seu atual endereço, Brasília, onde atende em 4 endereços.
Nesta entrevista, o especialista conta como está se adaptando para realizar suas consultas a distância e como acredita que a Telemedicina tem contribuído para orientar pacientes durante a reclusão social.
Como foi incorporar a Telemedicina ao seu dia a dia como coloproctologista?
No começo eu fui reticente. Já tinha meu perfil profissional na Doctoralia, mas ainda não tinha pedido para meu nome aparecer entre os profissionais que ofereciam o atendimento online.
Depois de alguns dias, no entanto, decidi ativar a modalidade. Vi vários médicos se colocando à disposição dos pacientes no Instagram, em cartazes nos elevadores, então pensei que seria uma boa forma de ajudar as pessoas nesse momento tão triste, ainda que fosse a distância.
Isso também me levou a ir atrás de mais informação sobre o tema, para que eu pudesse conhecer melhor os aspectos legais da Telemedicina e oferecer atendimentos online de uma maneira ética, sem imprudência, negligência ou imperícia da minha parte. Com isso começaram a surgir os primeiros contatos para as consultas.
Qual você considera ser a maior responsabilidade ao atender seus pacientes pela Telemedicina?
A coloproctologia é uma especialidade muito cheia de tabus e de vergonhas. Cabe principalmente ao médico, fazer com que o paciente se sinta acolhido e sem medo para relatar seus sintomas durante os atendimentos.
Nesse sentido, a Telemedicina acabou ajudando. Muitas vezes, o paciente tem mais facilidade e se sente mais encorajado a se abrir no conforto do lar. Por outro lado, ficamos mais restritos ao exames físicos e proctológicos.
Como eu procuro atuar nestes casos: quando se tratam de pacientes que eu já conheço o histórico, me sinto bem mais confortável para poder atender a distância. Em casos que já sugerem a necessidade de um exame físico, ou em que há muita dor, é meu papel orientar que o paciente busque as urgências ou, quando possível, tenha a sabedoria de esperar a pandemia ser minimizada para uma consulta presencial.
Como você acredita que os pacientes podem se preparar melhor para as consultas online?
Eu sempre oriento que o paciente anote o máximo de informações que deseja relatar, para não se perder durante a consulta e não esquecer detalhes importantes, seja em relação às suas dúvidas ou medos.
Costumo pedir também um breve diário alimentar, porque isso é fundamental dentro da minha especialidade, ainda mais neste momento da pandemia. Muitos de nós estamos pecando mais na alimentação, desembalando mais e descascando menos.
O atendimento por Telemedicina já pode ser feito através da Doctoralia.
Veja como funcionaA saúde evidentemente tem um custo que deve ser repassado nos atendimentos online. Como acontece a remuneração no seu caso?
Pacientes de muitas regiões acabam me procurando para uma consulta por telemedicina e isso pode gerar certo desconforto em casos que demandam exame físico, ou o contato presencial. Ainda assim, muitos acabam insistindo, o que me levou a adotar uma postura específica para esses casos:
Eu explico ao paciente as limitações de um atendimento a distância e também informo o valor da consulta. Se ele estiver de acordo com as limitações, damos continuidade ao contato.
Quando avalia que a consulta foi útil e contribuiu para melhorar sua qualidade de vida, o paciente paga pelo investimento. Quando eu percebo, já no meio do atendimento, que não vou conseguir ajudar esse paciente a distância, encerramos e não faço a cobrança. Ainda assim, sei que de alguma maneira pude ajudar e fazer algo positivo por essa pessoa. Uma palavra de otimismo e uma boa orientação já são muito válidas nessas horas.
Não podemos pensar só no dinheiro, temos que fazer o bem nessas horas. Tenho certeza que essa pessoa no futuro vai me indicar ou falar bem de mim para alguém e isso não tem preço.
Durante entrevista, Sidney Klajner, do Albert Einstein, afirmou que até 80% de questões de pronto atendimento podem ser resolvidas por telemedicina com suporte do prontuário eletrônico. Você acha que esse recurso vai ajudar no atendimento remoto dos pacientes?
A plataforma da Doctoralia já oferece um prontuário eletrônico que eu utilizo para os pacientes que atendo por telemedicina - abro uma pequena aba e faço as anotações do atendimento enquanto estamos conversando.
São novidades e acho que estamos aprendendo juntos: os médicos com os pacientes, as plataformas com pacientes e com os médicos e tudo no intuito de melhorar. Eu nunca tinha usado uma plataforma de Telemedicina até então e por enquanto estamos ajustando pequenos detalhes e está ficando legal.
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