out 13, 2017

Ética médica na internet: cuidados para profissionais

Etica médica na internet

Poucas profissões no mundo tem um código de ética tão rigoroso e presente como é o caso da medicina e as outras carreiras do segmento da saúde. A atuação médica é hoje tão entrelaçada aos seus princípios morais que pensar em sua inexistência só seria possível em histórias de ficção como a série The Knick, por exemplo, que insinua como seria a área sanitária no início do século XX, quando esses princípios ainda tinham muito para evoluir.

Hoje, pelo contrário, a responsabilidade com o respeito, a integridade e sigilo das informações dos pacientes está todo o tempo à prova e os códigos que regem a profissão são atualizados de tempos em tempos por conta de mudanças sociais - exatamente por isso muitos profissionais ainda desconhecem como adequá-los quando estão na Internet.

Como o acesso à informação mudou e quase tudo se tornou compartilhável pela redes sociais e aplicativos de mensagens, os limites do que deve ou não ser dito ou levado à público muitas vezes não estão claros e aí podem surgir brechas para desvios na conduta ética da profissão.

Um dos melhores exemplos disso aconteceu no início do ano, após o vazamento de dados do prontuário da ex-primeira dama Marisa Letícia. Na ocasião, Marisa estava internada na UTI e teve os resultados de seus exames vazados por uma médica do hospital justamente por meio de um aplicativo online de mensagens. O incidente ocasionou a demissão da especialista e muitos veículos questionaram a reputação da profissão depois do que ocorreu.

Então: como aplicar ética da profissão na Internet?

👉 Sigilo

Esse é um dos princípios mais importantes que deve ser levado para Internet. Divulgar dados de pacientes em redes sociais, expor sua imagem por meio das famosas “selfies” e compartilhar resultados de tratamentos ou exames por aplicativos de mensagens são práticas que não devem ser feitas sob hipótese alguma.

Dados gerados no consultório devem estar sempre protegidos e mantidos em segurança, além de só poderem ser compartilhados se tiverem o consentimento por escrito do paciente e apresentarem alguma relação com o exercício da profissão, nunca com finalidade profissional. Além disso, o paciente deve sempre aparecer de maneira anônima nesses casos, como prevê o Código de Ética Médica.

Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente, Artigo 75.

👉 Compromisso com a informação

Falamos muito por aqui sobre como a Internet pode ser útil para educação de pacientes e para melhorar a sua relação com os especialistas da saúde, se utilizada com seriedade. Infelizmente isso nem sempre acontece, já que o meio online ainda carrega muito conteúdo que não é 100% confiável e não passa pelo aval de especialistas.

Por isso, também é parte da ética profissional indicar e/ou gerar conteúdos confiáveis e que possam realmente favorecer o paciente. É papel dos especialistas ajudar a educar a população sobre saúde para melhorar seu entendimento sobre uma enfermidade e inclusive ter mais conhecimento para o tratamento e prevenção de doenças.

👉 Comentários

Na internet, nossos perfis profissional e pessoal estão muito mesclados, sendo às vezes difícil encontrar a barreira em que um começa e outro termina. No entanto, é simples entender como deve ser a postura do especialista que participa ativamente em redes sociais, fóruns e grupos de discussão, basta pensar nos mesmos valores que predominam o convívio social: o respeito.

O que é dito no contexto de um grupo privado ou em perfis pessoais tem ainda mais potencialidade de se espalhar e refletir na opinião do profissional. Por isso, é recomendável nunca envolver-se em temas polêmicos ou que incitem a violência sob qualquer perspectiva.

👉 Dúvidas - o que responder

Responder a perguntas de pacientes pela Internet é benéfico principalmente por complementar o acervo de informações técnicas e úteis sobre saúde na rede.

Neste ambiente busque sobretudo exercer um papel de educador, esclarecendo questões sobre medicamentos, tratamentos ou dúvidas após uma consulta presencial, desde que não dependam de uma avaliação presencial para serem respondidas. O serviço Pergunte ao Especialista é um bom exemplo de como esta interação tem ajudado a orientar pacientes e aproximá-los dos profissionais da saúde.