O sucesso de um tratamento de saúde não é determinado apenas pela escolha do profissional certo, mas leva em conta também a motivação do paciente para seguir suas orientações. Uma ferramenta bastante útil para apoiar a aliança entre médico-paciente e fortalecer o engajamento no tratamento é aplicar a linguagem da mudança na comunicação médica.
Tenho dedicado muitos anos ao trabalho de coaching e muitas vezes tive que lidar com pacientes que dizem: "eu quero começar, mas eu não consigo" ou então, "por que eu não tenho força de vontade?"...
Muitas pessoas sofrem com a procrastinação (ou seja, a o adiamento patológico de tarefas importantes) e têm dificuldades para manter a (auto) motivação. Existem também as que têm dificuldades de ver os benefícios a longo prazo, ou seja, quando tem que colocar esforço em algo que não traga benefícios tangíveis imediatos, seguir em frente é muito penoso.
Os problemas acima também acontecem para algumas pessoas quando estão no papel de paciente e se refletem diretamente no êxito do tratamento. Mesmo o diagnóstico correto e o melhor tratamento não serão eficazes se o paciente não seguir as recomendações do especialista.
Além disso, como já se sabe, muitos problemas de saúde demandam mudanças de hábitos e de estilo de vida para que a melhoria seja permanente - como alimentação saudável, atividade física, abandonando estimulantes...
Por isso, um grande desafio para médicos e especialistas da saúde é ajudar seus pacientes a permanecerem motivados e verem os benefícios de colocar o esforço para mudarem.
Por isso, vou falar sobre como os especialistas da saúde podem usar a linguagem da mudança para motivar seus pacientes a aderirem às recomendações médicas e se envolverem no processo do tratamento:
Resumidamente, gostaria de lembrar que William R. Miller (psicólogo clínico norte americano e professor de psiquiatria e psicologia na Universidade do Novo México), junto a Stephen Rollnick (professor de psicologia clínica na Universidade Cardiff) definiram brevemente o conceito de entrevista motivacional ( motivational interviewing ) como:
“Uma linha de conversa colaborativa, usada para fortalecer a automotivação do indivíduo e seu compromisso em mudar.”
É extremamente importante que o profissional da saúde fortaleça no paciente a crença de que ele é capaz de mudar seus hábitos. Seja para passar por um exame desagradável ou para incorporar mudanças permanentes... Em todas essas ocasiões, vale à pena investigar as motivações do paciente e buscar captar quando ele próprio começa a introduzir a linguagem da mudança em sua fala e, positivamente, acaba incorporando-a.
Como já escrevi em alguns artigos, o fato do paciente aderir, ou não, às recomendações médicas em sua vida cotidiana terá um impacto enorme em seu tratamento. Especialmente em casos de doenças crônicas ou que exigem mudanças permanentes no estilo de vida.
O paciente nem sempre é capaz de enxergar como a incorporação de uma mudança (ou tratamento) será traduzido em seu futuro.É o caso de procedimentos que reduzem os riscos de cirurgias futuras com tratamentos preventivos, por exemplo.
Muitas vezes temos a sensação de que, quando não tomamos uma atitude, apenas ficaremos inertes na mesma posição que nos encontramos hoje. No caso de tratamentos de saúde, no entanto, se o paciente decide não mudar ou avançar, ele pode realmente começar a regredir...
Por exemplo, quando a timidez ou a falta de skills sociais levam à fobia social, ou quando a falta de atividade física ultrapassa a "dor nas costas" e resulta na necessidade de cirurgia. Vale à pena o especialista orientar seus pacientes nesse sentido, mostrando o quanto a omissão ou a inércia podem resultar no agravamento do seu estado.
“Sem mudanças o paciente dificilmente conseguirá manter a condição atual e, pelo contrário, tende a encontrar-se pior com o passar do tempo.”
Isso é muito comum com pacientes que costumam pensar da seguinte maneira: "Eu sou capaz de aguentar uma dor nas costas de vez em quando. Tomo remédio e pronto. Não preciso fazer exercício físico todos os dias para melhorar um desconforto que não é diário".
Entre outras coisas, é possível conseguir que o paciente esteja aberto às mudanças pela maneira como direcionamos nossas perguntas. Perguntar da maneira certa favorece para que o próprio paciente comece a se dar conta dos benefícios do tratamento. Por exemplo: "Como sua vida seria se você aceitasse fazer cirurgia para controlar incontinência a urinária?". Fazer a pergunta da forma oposta também pode ajudar, como mostrar os inconvenientes de não seguir o tratamento. Por exemplo. "Como você imagina seus próximos anos tendo hemorragias frequentes?". Faça a pergunta aberta e deixe que o próprio paciente chegue à conclusão.
👉 Leia também: O que é a clínica ampliada e como ela funciona na prática?
Para motivar o paciente a aderir ao tratamento, é importante capturar os momentos em que ele começa a aderir a linguagem da mudança, ou seja, sinais em sua fala:
Abaixo cito alguns exemplos práticos de como um profissional da saúde pode motivar o paciente a seguir o tratamento ou adotar mudanças em seu estilo de vida com determinação.
Perguntas ajudam o paciente pensar a respeito dos benefícios que podem vir junto às mudanças. Ex.: "O que a redução de peso vai mudar em sua vida"?
Como o paciente se sente, de quê tem medo, quais são seus conhecimentos ou crenças sobre determinada enfermidade ou tratamento. Ex.: "Como você se sente agora estando acima do peso?", "Você poderia me contar sobre seus medos nesta operação? "Existe alguma coisa que te deixe particularmente receoso com este tratamento proposto?"
Faça perguntas para descobrir o que mais motiva e o que mais desencoraja o paciente. Ex.: "O que mais te incomoda no fato de estar acima do peso?" "E qual será o maior benefício para você após emagrecer?"
Em outras palavras, motive o paciente a pensar sempre em como sua vida poderá seguir com mais qualidade após o tratamento ou a mudança no estilo de vida. Ex.: " Você desistiu de algo por estar acima do peso e poderá retomar esse sonho após perder peso?
O diálogo do profissional da saúde deve sempre prever a motivação, fortalecendo a crença dos pacientes de que eles são capazes de lidar com dificuldades no tratamento e avançar um passo de cada vez. A técnica de valorização, que visa levar ao paciente mensagens de apoio ou motivação é muito útil nesses momentos.
"Que bom saber que você comprou um livro sobre nutrição saudável"
"O que mais você poderia fazer para introduzir uma dieta mais variada no dia a dia?"
"É muito importante você ter tomado consciência que as suas articulações estão doendo por conta da obesidade."
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Mais informaçõesO especialista deve sempre começar por uma investigação para entender se o paciente tem conhecimento suficiente sobre sua doença.
Quando a resposta é não, então é seu papel educar e dar mais informações para que o paciente possa tomar consciência de problema e de como ele está relacionado a outros aspectos da sua vida.
Se o paciente já souber o suficiente sobre a sua enfermidade - e ainda assim não seguir as recomendações do especialista -, somente repetir as mesmas informação não produzirá um efeito repentino para convencer o paciente a mudar de atitude.
“Vale à pena que o especialista dedique tempo e energia para ajudar seus pacientes manterem a motivação e esforçarem-se por si mesmos. Este investimento será compensado em forma de Melhores resultados - Temp BR no tratamento.”
Lembre-se que o paciente pode não estar totalmente ciente dos vínculos entre um sintoma e outro, ou entre um sintoma e uma condição de vida (como a dor na perna que pode ser reflexo de uma dor coluna, por exemplo).
O diálogo que motiva a comunicação entre médico-paciente e mantém a linguagem de mudança presente ajuda a construir um pacto terapêutico e aumentam a eficácia do tratamento.
Este artigo é baseado em minha palestra "Como aplicar a linguagem da mudança na comunicação com o paciente?", apresentada durante a conferência "Discursos modernos na saúde. Aspectos humanísticos da comunicação na assistência médica. "
Anna Daria Nowicka é socióloga, treinadora e coach.